Todo mundo tem medo. Medo de assalto, medo de ver o time do coração perder de lavada no final do campeonato, medo de avião, medo de agulha, medo de altura, medo de escuro. Em termos de evolução, o medo é fundamental. É ele que nos deixa em estado de alerta e, quando nos preparamos para uma situação de perigo, magicamente ficamos mais ágeis e fortes. Sentir medo não é, portanto, qualquer demérito. Ainda que não seja a melhor das sensações, o medo nos faz ir contra aquilo que nos coloca em perigo.

Toda mulher tem medo. E além dos medos cotidianos, além dos medos que o próprio gênero feminino traz enraizados, toda mulher tem medo de três palavrinhas poderosas: câncer de mama. E se medo é algo que funciona para nos tirar do perigo, que ele nos faça buscar, então, mais e mais informações sobre a doença, além, é claro, de ajuda médica sempre que necessário.

Todos os anos, em várias partes do mundo, sempre no 10º mês, que é o período da conscientização sobre o câncer de mama, o movimento popular Outubro Rosa ganha o destaque que é tão fundamental à causa. É nesse período que instituições médicas, ONGs, ativistas, imprensa e a população em geral se unem para divulgar informações a respeito da doença – se não a conhecemos bem, não sabemos lidar com ela. A cor é também símbolo da luta contra o câncer, daí o nome da ação.

A campanha teve início nos EUA, onde cada estado promovia ações independentes sobre o tema, sempre no mês de outubro. Com a grande adesão ao movimento, os EUA acabaram definindo o 10º mês de cada ano como o mês nacional de prevenção ao câncer de mama.

A cor rosa surgiu pela primeira vez em uma campanha da Fundação Susan G. Komen, nos anos de 1990, que distribuía laços cor-de-rosa durante a primeira Corrida pela Cura, um evento realizado em Nova York em 1990. O nome “Outubro Rosa” pegou mesmo após o ano de 1997 – depois disso, várias cidades escolhem pontos que, durante o mês, são iluminados na cor da campanha, assim mais e mais pessoas vão sabendo sobre ela. No Brasil, o primeiro acender de luzes aconteceu em 2002, quando o Obelisco do Ibirapuera foi iluminado, ainda que por pouco tempo.

O câncer de mama

Antes de tudo, vamos deixar claro que, sim, o câncer de mama também afeta os homens, mas em uma proporção muito menor. Com relação às mulheres, no entanto, o número de casos é realmente grande. Anualmente, a cada 100 novos diagnósticos de câncer em mulheres, 25 deles correspondem ao câncer de mama. Estima-se que, até o final de 2015, mais de 57 mil novos diagnósticos sejam registrados no Brasil.

É comum ouvirmos que o principal sinal do câncer de mama é o aparecimento de nódulos na região dos seios. Se vamos falar sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce de uma doença como essas, precisamos explicar também o que significam esses nódulos.

O corpo humano produz células novas e elimina as mortas todos os dias. Nem sempre essa produção ocorre da maneira que seria a ideal; às vezes, um grupo de células se divide de forma desordenada, e essa divisão acaba provocando um corpo maligno que se instala nos ductos mamários, que são os canais que conduzem o leite até os mamilos.

Não é apenas a produção desordenada de células que colabora para a formação de tumores. De acordo com o Dr. Drauzio Varella, entre os fatores de risco em relação ao desenvolvimento do câncer de mama estão idade avançada, excesso de peso, uso de hormônios femininos, genética, histórico familiar, menstruação precoce (antes dos 12 anos) e menopausa tardia (depois dos 50 anos).

O aparecimento do nódulo é um dos primeiros sintomas da doença – esse carocinho é duro e não causa dor. Outros sintomas incluem mudanças no formato da mama, retração da pele e/ou do mamilo, inchaço nas axilas, vermelhidão nas mamas, inflamações, dor e produção de fluidos.

Na presença de qualquer um dos sintomas, o ideal é procurar ajuda médica o mais rápido possível, pois, quanto mais cedo for realizado o diagnóstico, maiores são as chances de recuperação.

Esse diagnóstico é feito através de um exame de mamografia, que nada mais é do que um raio X da região das mamas. Além da mamografia, o médico pode solicitar outros exames de imagem e laboratoriais. Assim que um nódulo é identificado, uma biópsia deve ser feita.

Nem todo nódulo é maligno – na verdade, a maioria não representa perigo. Ainda assim, a biópsia é sempre indicada, pois é por meio dela que um pedaço do nódulo é analisado laboratorialmente, de modo que os especialistas conseguem identificar o estágio de desenvolvimento e o tipo do tumor, se é maligno ou não.

Uma vez que um tumor de mama maligno seja identificado, o tratamento vai depender do estágio no qual a doença se encontra. Entre as opções de tratamento estão a quimioterapia, que serve para matar as células malignas; a radioterapia, que funciona por meio de radiação; a hormonoterapia, que é o uso de medicamentos que interferem na ação dos hormônios femininos; e os procedimentos cirúrgicos, que podem incluir a remoção do tumor ou da mama completa.

Autoexame

Atualmente, há quem defenda a ideia de que o autoexame detecta a doença quando ela já está em um estágio muito avançado, mas é importante que as mulheres continuem realizando esse procedimento mensalmente. Entre o 7º e o 8º dia após o início da menstruação, mulheres acima dos 20 anos devem apalpar a região das mamas e observar se há a presença de algum caroço.

O ideal seria também que mulheres entre 20 e 40 anos realizassem uma mamografia preventiva a cada dois ou três anos. Para as que estão acima dos 40 anos, a mamografia deve ser realizada anualmente.

Muitas mulheres deixam de realizar esse exame de imagem por acreditarem que ele não é necessário se não existe nódulo, o que é um equívoco, afinal o nódulo pode ser interno e inidentificável, assim como é possível também que a mamografia detecte o câncer antes da evolução do tumor.

Além do tratamento médico, é recomendável que a paciente realize acompanhamento psicológico. Mulheres diagnosticadas com câncer de mama são pessoas que sentem medo, expectativa, incerteza e ainda precisam lidar com o desconforto provocado por alguns tratamentos. Como resultado, muitas desenvolvem depressão e problemas de autoestima.

Nesse sentido, sempre é bacana procurar grupos de apoio na região onde a pessoa vive. Seres humanos que somos, temos a necessidade de encontrar pessoas com as quais nos parecemos. Essa identificação, quando acontece entre quem está passando pelos mesmos tratamentos e anseios, pode fazer toda a diferença na saúde psicológica de quem enfrenta a doença.

O apoio familiar também é fundamental, e se você, leitor, tem contato próximo com mulheres que, por algum motivo, não têm acesso a essas informações, divida o que você aprendeu aqui com elas.

Fonte: Mega Curioso
Outubro Rosa: um lembrete de que precisamos falar mais sobre o câncer!

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